O infarto do miocárdio, ou ataque cardíaco, é um importante problema de saúde que afeta mulheres em todo o mundo. Embora homens e mulheres sofram infarto do miocárdio, existem diferenças cruciais na maneira como as mulheres experimentam, são diagnosticadas e devem ser tratadas para essa condição. Este artigo fornece as diretrizes e melhores práticas mais recentes para o tratamento de infarto do miocárdio em mulheres, com foco na compreensão dos desafios e considerações únicas nessa população.

Entendendo o infarto do miocárdio em mulheres
Epidemiologia e fatores de risco
- As mulheres tendem a sofrer ataques cardíacos mais tarde na vida em comparação com os homens, com o risco aumentando significativamente após a menopausa.
- Os fatores de risco para infarto do miocárdio em mulheres incluem diabetes, hipertensão, dislipidemia, tabagismo, obesidade e história familiar de doença arterial coronariana prematura.
- Os fatores de risco específicos das mulheres incluem complicações na gravidez, como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e parto prematuro, bem como síndrome dos ovários policísticos e menopausa.
Apresentação e diagnóstico
- As mulheres com infarto do miocárdio podem apresentar sintomas atípicos, como falta de ar, fadiga, náuseas ou dores nas costas e na mandíbula, o que pode complicar o processo diagnóstico.
- Eletrocardiograma (ECG), biomarcadores cardíacos (troponinas) e estudos de imagem são ferramentas essenciais para o diagnóstico de infarto do miocárdio em mulheres.
- O reconhecimento imediato e o diagnóstico preciso são cruciais para garantir o tratamento oportuno e adequado.
Tratamento do infarto do miocárdio em mulheres
Gerenciamento inicial
- Aspirina: Administrar 162-325 mg de aspirina mastigável a mulheres com suspeita de infarto do miocárdio o mais rápido possível, a menos que contraindicado.
- Nitroglicerina: Use nitroglicerina sublingual ou spray para aliviar a dor no peito, a menos que contraindicado.
- Oxigenoterapia: Forneça oxigênio suplementar somente se a saturação de oxigênio cair abaixo de 90% ou se o paciente apresentar sinais de desconforto respiratório.
- Manejo da dor: Considere opioides, como a morfina, se a dor não for aliviada pela nitroglicerina.
terapia de reperfusão
- Intervenção coronária percutânea primária: A intervenção coronária percutânea é a estratégia de reperfusão preferida para mulheres com infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST. O objetivo é realizar a intervenção coronária percutânea em até 90 minutos após o primeiro contato médico.
- Terapia fibrinolítica: para mulheres com infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST que não podem ser submetidas à intervenção coronária percutânea primária em 120 minutos, administre a terapia fibrinolítica em até 30 minutos após a chegada ao hospital, a menos que contraindicado.
Terapia antitrombótica
- Terapia antiplaquetária dupla: Iniciar terapia antiplaquetária dupla, incluindo aspirina e um inibidor P2Y12 (como clopidogrel, ticagrelor ou prasugrel), para todas as mulheres com infarto do miocárdio, independentemente da estratégia de reperfusão.
- Anticoagulação: Use anticoagulantes, como heparina não fracionada, heparina de baixo peso molecular ou bivalirudina, em combinação com terapia antiplaquetária dupla, com base na estratégia de reperfusão escolhida.
Prevenção secundária
- Estatinas: prescrever terapia com estatina de alta intensidade para todas as mulheres com infarto do miocárdio, independentemente do nível basal de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL).
- Betabloqueadores: Iniciar terapia com betabloqueadores em mulheres com infarto do miocárdio que apresentam redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (LVEF) ou isquemia contínua.
- Inibidores da enzima conversora da angiotensina ou bloqueadores dos receptores da angiotensina: prescreva inibidores da enzima conversora da angiotensina ou bloqueadores dos receptores da angiotensina para mulheres com infarto do miocárdio que apresentam redução da FEVE, insuficiência cardíaca ou diabetes. Para mulheres com histórico de infarto do miocárdio e doença renal crônica, considere os bloqueadores dos receptores de angiotensina como uma alternativa aos inibidores da enzima conversora de angiotensina.
- Antagonistas da aldosterona: Considere prescrever antagonistas da aldosterona, como espironolactona ou eplerenona, para mulheres com infarto do miocárdio que reduziram a FEVE e os sintomas de insuficiência cardíaca.
- Modificações no estilo de vida: Incentivar as mulheres a adotar um estilo de vida saudável para o coração, incluindo uma dieta balanceada, atividade física regular, parar de fumar, controlar o estresse e manter um peso corporal saudável.
- Reabilitação cardíaca: Recomendar um programa estruturado de reabilitação cardíaca para ajudar as mulheres a se recuperarem do infarto do miocárdio e reduzir o risco de futuros eventos cardíacos.
Considerações especiais para mulheres
Gravidez e infarto do miocárdio
- O infarto do miocárdio durante a gravidez é um evento raro, mas grave, geralmente causado por dissecção da artéria coronária, vasoespasmo ou trombose.
- O tratamento deve ser individualizado, balanceando os riscos e benefícios tanto para a mãe quanto para o feto.
- A intervenção coronária percutânea primária é a estratégia de reperfusão preferida, mas a terapia fibrinolítica pode ser considerada se a intervenção coronária percutânea não estiver disponível ou não for viável.
- Certos medicamentos, como prasugrel e ticagrelor, devem ser evitados durante a gravidez devido à falta de dados de segurança.
Terapia de reposição hormonal
- A terapia de reposição hormonal tem sido associada a um risco aumentado de infarto do miocárdio e não deve ser iniciada para prevenção primária ou secundária de doença arterial coronariana em mulheres na pós-menopausa.
- Para mulheres que já recebem terapia de reposição hormonal, discuta os riscos e benefícios e considere a interrupção do tratamento em consulta com um profissional de saúde.
Disparidades de gênero no tratamento do infarto do miocárdio
- As mulheres com infarto do miocárdio são menos propensas a receber terapia médica direcionada por diretrizes, reperfusão oportuna e encaminhamento para reabilitação cardíaca em comparação aos homens.
- Os profissionais de saúde devem estar atentos ao reconhecer e abordar essas disparidades para garantir acesso igualitário a cuidados ideais para mulheres com infarto do miocárdio.
Em conclusão, o tratamento do infarto do miocárdio em mulheres requer uma abordagem abrangente que leve em consideração fatores de risco únicos, apresentação e possíveis disparidades de gênero. Ao aderir às diretrizes baseadas em evidências e atender às necessidades específicas de mulheres com infarto do miocárdio, os profissionais de saúde podem otimizar os resultados e reduzir a carga de doenças cardiovasculares nessa população.